quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Bons dias! & Notas semanais

Reunião de crônicas publicadas em 1878, 1888 e 1889.

“Mas aqui está o que é; eu sou um pobre relojoeiro, que, cansado de ver que os relógios deste mundo não marcam a mesma hora, descri do ofício. A única explicação dos relógios era serem iguaizinhos, sem discrepância; desde que discrepam, fica-se sem saber nada, porque tão certo pode ser o meu relógio, como o do meu barbeiro.” 



Iaiá Garcia

Apesar de não ter lido a crítica especializada sobre a obra, Iaiá Garcia (1878) me pareceu um ponto de maturidade de Machado de Assis se comparada aos romances anteriores. É claro que em seguida virá o ponto de inflexão com Memórias Póstumas de Bras Cubas (1881) mas,  em Iaiá a caracterização dos personagens, seus conflitos internos e, o que me parece mais difícil de avaliar, o estilo do autor, dão um salto de qualidade rumo a uma narrativa mais densa e sofisticada.

“ Iaiá transpôs a soleira e saiu; precisava de ar, de espaço, de luz; a alma cobiçava um imenso banho de azul e ouro, e a tarde esperava-a trajada de suas púrpuras mais belas.” 



domingo, 16 de outubro de 2016

História de quinze dias

Grupo de crônicas sobre fatos ocorridos na quinzena anterior e publicadas na quinzena seguinte, daí o nome ‘histórias de quinze dias’ nos anos de 1876, 1877 e 1878.

Sobre a repercussão da morte de Louis Adolphe Thiers (15 de Abril de 1797 - 3 de Setembro de 1877) Machado explica o porquê da comoção:
“ A causa não é outra senão que a liberdade, a ordem, o talento, a hombridade são por assim dizer uma pátria comum, e que há homens tão ligados ao movimento das ideias e à história da civilização que o seu desaparecimento é um luto universal.”

A mão e a luva

Este é o segundo romance de Machado (1874). Na advertência de 1874 o autor se mostra modesto em relação à obra: “O que aí vai são umas poucas páginas que o leitor esgotará de um trago, se elas lhe aguçarem a curiosidade, ou se lhe sobrar alguma hora que absolutamente não possa empregar em outra cousa, - mais bela ou mais útil.”  Já na edição de 1907 não lhe fez qualquer alteração, “Vai como saiu em 1874.”

O objetivo central foi a caracterização dos personagens, em particular, Guiomar. Sobre ela dirá: “A vontade e a ambição, quando verdadeiramente dominam, podem lutar com outros sentimentos, mas hão de sempre vencer, porque elas são as armas do forte, e a vitória é dos fortes.”

Crisálidas, falenas & americanas

Há nestes poemas a possibilidade de avaliarmos o amadurecimento do estilo de Machado de Assis. Segundo Merquior, Crisálidas (1864) é um “livrinho tributário do ultrarromantismo”; já em Falenas (1870) “ o progresso do lirismo machadiano é palpável” (...) “ A poesia adulta de Machado talvez tenha nascido com a delicada ourivesaria desses versos.” Americanas (1875) é “o cume de sua lírica romântica.”