Sensacional.
As cartas de Rilke para o jovem poeta que lhe pede para comentar e
criticar
suas poesias não se referem apenas à criação poética. Vão além,
levando-nos
a reflexões sobre o sentido mesmo da existência. São preciosos os
pontos
de vista de Rilke. Para ele a solidão é a chave para identificar,
compreender
e encontrar a solução para os problemas existenciais que nos
afligem.
E mesmo que não haja solução o poeta nos ensina um caminho possível para
a
resignação.
O
enaltecimento da solidão - que Cecília Meirelles dirá na apresentação, a meu
ver em tom de crítica, solidão vista com heroísmo e
magnificência - ocorre não apenas
com o
nosso recolhimento e introspecção, mas também com nossa volta ao período da
infância
por se tratar de uma fase da vida em que estamos alheios ao mundo adulto
de tal
modo que nos sentimos “solitários”.
Um
ponto interessante é o confronto entre Rilke e Machado de Assis sobre a função
ou o
papel da crítica. Para aquele o escritor ou poeta não deve ter a crítica como
referência.
Ela mais atrapalha que ajuda. Afasta o poeta do que mais importa que
é a
reflexão que vem de dentro. Já Machado de Assis escrevia num momento de
afirmação da literatura nacional no qual corria sérios riscos de imitar ou
copiar estilos estrangeiros necessitando os leitores que a crítica os
"orientasse" a "refinar o gosto".
Machado:
“Confesso francamente, que, encetando os meus ensaios de crítica, fui movido
pela ideia de contribuir com alguma cousa para a reforma do gosto que se ia
perdendo, e efetivamente se perde.” (Carta a José de Alencar, Correspondência,
p. 56).
Esse
tema merece uma análise mais detida posteriormente.