segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Cartas a um jovem poeta / A canção de amor e de morte do porta-estandarte Cristovão Rilke

Sensacional. As cartas de Rilke para o jovem poeta que lhe pede para comentar e
criticar suas poesias não se referem apenas à criação poética. Vão além,
levando-nos a reflexões sobre o sentido mesmo da existência. São preciosos os
pontos de vista de Rilke. Para ele a solidão é a chave para identificar,
compreender e encontrar a solução para os problemas existenciais que nos
afligem. E mesmo que não haja solução o poeta nos ensina um caminho possível para
a resignação.
O enaltecimento da solidão - que Cecília Meirelles dirá na apresentação, a meu ver em tom de crítica,   solidão vista com heroísmo e magnificência  - ocorre não apenas
com o nosso recolhimento e introspecção, mas também com nossa volta ao período da
infância por se tratar de uma fase da vida em que estamos alheios ao mundo adulto
de tal modo que nos sentimos  “solitários”.

Um ponto interessante é o confronto entre Rilke e Machado de Assis sobre a função
ou o papel da crítica. Para aquele o escritor ou poeta não deve ter a crítica como
referência. Ela mais atrapalha que ajuda. Afasta o poeta do que mais importa que
é a reflexão que vem de dentro. Já Machado de Assis escrevia num momento de afirmação da literatura nacional no qual corria sérios riscos de imitar ou copiar estilos estrangeiros necessitando os leitores que a crítica os "orientasse" a "refinar o gosto".
Machado: “Confesso francamente, que, encetando os meus ensaios de crítica, fui movido pela ideia de contribuir com alguma cousa para a reforma do gosto que se ia perdendo, e efetivamente se perde.” (Carta a José de Alencar, Correspondência, p. 56).
Esse tema merece uma análise mais detida posteriormente.

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