quarta-feira, 29 de junho de 2016

O velho da horta e o Auto da barca do inferno

O velho da horta é uma farsa que conta a história de um velho que se apaixona por uma jovem camponesa que encontra em sua horta.  Para conquista-la não medirá esforços e dinheiro o que acarretará sua ruína.
A história é marcada por elementos constantes na definição de "farsa", isto é, uma pequena peça cômica popular, de concepção simples e de ação trivial ou burlesca, em que predominam gracejos, situações ridículas etc. Aliado a isso, temos também um final moralizante no qual o velho é punido.

Há um momento na peça em que a alcoviteira, Branca Gil, canta uma ladainha que me fez lembrar os emboladores/repentistas do Nordeste quando brincam com o público, especialmente dentro dos ônibus. Segundo a nota dos organizadores, “A ladainha de Branca Gil menciona uma série de “santos” que eram na verdade membros da corte portuguesa na época em que a farsa foi encenada. Com esse recurso Gil Vicente tornou a peça mais engraçada para a sua plateia, fazendo com que muitos dos espectadores se vissem retratados no palco de forma cômica e que outros reconhecessem ali personalidades eminentes de seu tempo. ”

O Auto da barca do inferno é um tipo de peça a qual o próprio Gil Vicente chama “autos da moralidade”. Na medida em que as pessoas morrem elas se dirigem para tomar uma barca. Conforme as suas ações em vida serão embarcadas a caminho do inferno ou do paraíso. A intenção é instruir moralmente os espectadores de acordo com a fé cristã.


É interessante notar a concepção de diabo apontada na apresentação da peça: “A figura do diabo de Gil Vicente é muito original por não se apresentar como o tradicional sedutor que corrompe, mas um irônico observador que revela os males ocultos de cada alma. Com humor e inteligência, o personagem assume a forma de falar dos que chegam e atira os vícios e as fraquezas de volta a cada um, insistindo para que subam à barca do inferno. ”

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