Neste volume estão reunidos 7 (sete) contos todos
relacionados ao cotidiano fluminense, seja na Corte, seja em Petrópolis. Meu
destaque vai para o conto “Luís Soares” no qual, mais uma vez, Machado de Assis
descreve-nos um personagem que deseja a ascensão social, ou a manutenção de seu
status, sem envidar qualquer esforço, isto é, é mais um “Romualdo” descrito
em Escritos Avulsos I.
Começo a desconfiar que Machado de Assis tem alguma predileção
por esse tipo social e deverei encontra-lo outras vezes na medida em que
avançar nas leituras. Digo isso pensando que também em "O segredo de
Augusta" (neste mesmo volume) estes tipos estão lá vividos por Vasconcelos
e Gomes.
Eis a descrição de Soares:
"Não lia jornais. Achava que um jornal era a cousa mais
inútil deste mundo, depois da Câmara dos Deputados, das obras dos poetas e das
missas. Não quer isto dizer que Soares fosse ateu em religião, política e
poesia. Não. Soares era apenas indiferente. Olhava para todas as grandes cousas
com a mesma cara com que via uma mulher feia. Podia vir a ser um grande
perverso; até então era apenas uma grande inutilidade."
Após a dissipação de sua herança e o abandono dos “amigos” Soares
planeja casar-se com a prima rica Adelaide nem que para isso se envolva em
situações ridículas e desesperadoras.
Seu final é trágico e esquecido pelos amigos:
"Pires soube na
rua da notícia, e correu à casa de Vitória, que encontrou no toucador.
- Sabes de uma coisa?
perguntou ele.
- Não. Que é?
- O Soares matou-se.
- Quando?
- Neste momento.
- Coitado! É sério?
- É sério. Vais sair?
- Vou ao Alcazar.
- Canta-se hoje
Barbe-blue, não é?
- É.
- Pois eu também vou.
E entrou a cantarolar
a canção Barbe-blue.
Luís
Soares não teve outra oração fúnebre dos seus amigos mais íntimos."
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