É difícil dizer o quanto a ambientação histórico-cultural de
um romance nos diz sobre o lugar visitado. Obviamente, isso dependerá do livro.
Pessoalmente tive sorte na escolha de alguns desses livros. Dois exemplos. O
livro sobre o Camboja, longe de ser um romance, é um testemunho comovente sobre
um período trágico na história do país. Estando lá em 2010 e visitando os
Campos de Extermínio e a prisão S21 (o equivalente brutal ao DOPS brasileiro)
eu pude perceber toda a força dos relatos de pessoas que experimentaram o terror
quando crianças, mas sobreviveram para contar a história. Na minha história
pessoal a visita ao Camboja foi uma oportunidade para refletir, mais uma vez,
sobre como, num determinado momento de minha juventude, eu pude defender tais
sistemas políticos.
Prisão S21 |
Campo de extermínio |
Em minha viagem ao Uruguai em 2013 eu tentei visitar alguns
lugares descritos em A trégua de Mário Benedetti. Cafés,
praças e edifícios públicos em Montevidéu por onde passavam os personagens me
faziam rememorar o livro e experimentar a sensação de já conhecer um pouco
melhor aqueles ambientes. Cheguei a tirar uma foto da esquina 25 de Mayo com
Misiones onde fica o café Las Misiones no qual Martín Santomé havia se
declarado a Laura Avellaneda!
“Ela estava ali, indefesa, ou melhor, defendida por mim contra mim mesmo.” |
Só depois da viagem eu soube que os livros de Benedetti são
muito apreciados pela descrição da parte velha de Montevidéu inspirando a criação da Guia
Benedetti.
Eu concluiria com uma sugestão. Se você gosta dessa ideia,
mas não pode ou não gosta de viajar para fora do Brasil, por que não ler livros
ambientados em cada estado brasileiro? O problema do idioma ficará para trás e
conseguir os livros será muito mais fácil. A dificuldade talvez seja
estabelecer critérios para escolher livros cujos estados sejam abundantes em
autores consagrados. Que tal?
Fato curioso: os blogs que embarcaram na ideia de Camila (veja
o item “O projeto ganhou asas!” em sua página) foram idealizados apenas por
mulheres! No artigo do Janelas Abertas só aparece um homem (John Brookes)!
E eu tenho a impressão que eu não vou alterar
essa estatística, pois, embora considere uma
ideia excelente eu preciso antes resolver essa pendência chamada tsundoku :)
Minha
lista de livros/países:
Cry the beloved country – Alan Paton (África do Sul)
Man alone – John Mulgan (Nova Zelândia)
The New Zealanders – Maurice Shadbolt (Nova Zelândia)
Português
suave – Margarida Rebelo Pinto (Portugal)
Burmese
days – George Orwell (Myanmar)
Voci – Dacia
Maraini (Itália)
A trégua – Mario Benedetti
(Uruguai)
La aventura de Miguel Littín clandestino em Chile - Gabriel García
Márquez (Chile)Viagem ao crepúsculo - Samarone Lima (Cuba)
2 comentários:
Boa sorte com o novo blog, Adelino! E boas leituras para nós! Um abraço! =)
Obrigado Camila! Boas leituras e boas viagens para nós!
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