sábado, 27 de fevereiro de 2016

Teatro

Sobre as oito peças de teatro de Machado de Assis contidas neste volume o que posso dizer é que apenas duas me agradaram: “Quase ministro” (comédia) e “Tu só, Tu, puro amor” (drama a respeito do suposto amor entre Camões e D. Catarina). Gostei ainda de “Suplício de uma mulher” traduzida do francês.
As demais me pareceram bem lineares, açucaradas e muitas vezes sem qualquer propósito. Interessante que ao lermos as críticas de teatro nos volumes anteriores não esperamos que o autor cometa os mesmos erros por ele apontados.
Minha impressão, e não passa disso, “impressão”, ficou ainda mais forte ao ler a nota de Mário de Alencar (1910) na introdução do volume na qual cita carta de Quintino Bocaiúva respondendo a Machado que havia lhe pedido sua opinião sobre as peças:
“Como lhes falta a ideia, falta-lhes a base. São belas, porque são bem escritas. São valiosas, como artefatos literários, mas, até onde a minha vaidosa presunção crítica pode ser tolerada, devo declarar-te que elas são frias e insensíveis, como todo o sujeito sem alma. (...) As tuas comédias são para serem lidas e não representadas.” (p. 4)

Num folhetim sobre Suplício de uma mulher Alexandre Dumas Filho, citado por Machado, dá uma dica preciosa para quem quer escrever ou apreciar uma obra: “...quem escolhe uma ideia deve não perde-la de vista um só momento, - deve fazer com que todas as personagens, todas as cenas, todas as palavras concorram para a expressão, dedução e demonstração dessa ideia, sob qualquer forma que se apresente, drama ou comédia.” (p. 301)

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